29
Jul

Quando mentimos, é como se criássemos um buraco na realidade. Quando mentimos a nós próprios, é como se criássemos um buraco em nós mesmos. E tornar-se-á inevitável, mais cedo ou mais tarde, cair nele. Isso significa sempre uma perda de tempo, tal como se o tempo parasse, tal como não progredimos quando caímos a um buraco.

Se neste momento me perguntassem se estamos a viver em Portugal uma crise, eu diria que aceitar esse termo seria mentir, mentir a Portugal, mentir a nós mesmos.

Não, não estamos perante uma crise. Estamos antes, perante um ajustamento. Um ajustamento generalizado, para baixo, do nosso nível de emprego, dos nossos salários, das nossas rendas, dos nossos lucros, enfim do nosso nível de vida, do nível de vida dos nossos filhos, dos nossos pais, dos nossos irmãos, tios e tias, dos nossos amigos.

Por isso não mintamos. Não mintamos a nós próprios. Não criemos um buraco onde todos possamos cair.

Antes enfrentemos o ajustamento, não nos iludindo com os profetas da saída da crise. É preciso redefinir o nosso nível de consumo. Para que depois saibamos quanto podemos poupar, para que depois saibamos quanto podemos investir.

Antes criemos esperança, com a nossa vida, com o nosso trabalho e com a nossa capacidade criativa. Criemos, façamos, sejamos felizes, todos os dias. Não mintamos.

 

Miguel Matos
CEO APAMM

0 Sem comentários

Comments are closed.